Censo Demográfico revela pela primeira vez dados sobre Autismo no Brasil

(Foto: Divulgação/IBGE)

O Censo Demográfico 2022 revelou pela primeira vez dados oficiais sobre a população com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. De acordo com os resultados preliminares divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país contabiliza 2.441.568 pessoas com diagnóstico de autismo, o que representa 1,2% da população brasileira residente. Essa marca histórica é resultado da inclusão de uma pergunta específica sobre o TEA no questionário da amostra do Censo, em cumprimento à Lei nº 13.861/2019.

A pesquisa considerou a autodeclaração de diagnóstico realizado por profissional de saúde e abrange todas as regiões do país. A maior concentração de pessoas com TEA, em números absolutos, está na região Sudeste, que reúne cerca de 1 milhão de autistas. No entanto, os estados com maior proporção de pessoas diagnosticadas são o Acre (1,6%), Amapá (1,5%) e Ceará (1,4%). No Espírito Santo, o percentual segue a média nacional, com 1,2% da população declarando ter algum morador com diagnóstico de autismo. Considerando uma população estimada de 4,1 milhões de habitantes, o estado contabiliza aproximadamente 49 mil capixabas com TEA.

Em relação à distribuição por faixa etária, os dados do IBGE indicam que a prevalência do autismo é maior entre crianças e adolescentes. A faixa etária de 5 a 9 anos é a mais expressiva, com 2,6% da população nessa idade apresentando diagnóstico de TEA. Em seguida, estão as faixas de 0 a 4 anos (2,1%) e de 10 a 14 anos (1,9%). A partir dos 15 anos, os percentuais caem significativamente, sugerindo que muitos adultos autistas podem estar sem diagnóstico ou fora das estatísticas. Em todas as idades, o número de homens diagnosticados é superior ao de mulheres: 1,5% contra 0,9%, respectivamente.

No recorte por escolaridade, a maior concentração de estudantes com autismo está no ensino fundamental regular, com 508 mil pessoas. Ao todo, 760.800 autistas com 6 anos ou mais estavam estudando no momento do Censo, o que corresponde a 1,7% do total de estudantes brasileiros. A presença de autistas nas etapas de ensino médio e superior ainda é reduzida, evidenciando barreiras para a continuidade educacional. O Espírito Santo, embora não tenha os dados desagregados por nível de ensino, segue essa tendência nacional, com maior concentração de autistas na educação básica.

Outro dado relevante é que 2,1 milhões de domícilios brasileiros têm pelo menos uma pessoa diagnosticada com autismo, o que representa 2,9% do total de residências permanentes ocupadas. No Espírito Santo, esse número também se aproxima da média nacional. A presença do TEA não se restringe a uma classe social específica, sendo identificada tanto em domícilios com boa infraestrutura quanto em contextos de vulnerabilidade, como residências sem banheiro ou ligação com a rede de água.

A divulgação dos dados pelo IBGE representa um marco para a inclusão das pessoas com autismo no debate sobre políticas públicas. Com o reconhecimento oficial do contingente de autistas no Brasil e no Espírito Santo, espera-se que estados e municípios possam ampliar a oferta de serviços especializados, apoio às famílias e formação continuada de profissionais da saúde e da educação. Pela primeira vez, o país conhece com precisão a dimensão dessa população, o que permite avançar no combate à exclusão e no fortalecimento da cidadania das pessoas com TEA.

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